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Com Licença Sr. Candidato - 1983

Com Licença Sr. Candidato

Esta série de crônicas foi publicada no Correio de Notícias, a partir de 16/12/77, até 20/04/78.

O objetivo, como o seu título presunçosamente indica, era o de atingir e sensibilizar os então candidatos à Presidência da República, atraindo sua atenção para questões que julgávamos de grande transcendência para o futuro do nosso País.

Mesmo sabendo da quase impossibilidade de que tais considerações chegassem ao conhecimento dos homens da época, julgados "presidenciáveis" - daí o título "Um Bate-Papo Inviável", cumprimos aquele que julgamos nosso dever de bom brasileiro: tentar alertá-los, mesmo tímidamente e respeitosamente, ainda que com poucas probabilidades de atingir a meta colimada.

Hoje, relendo essas observações, acreditamos que muitas delas ainda permanecem atuais, motivo pelo qual decidimos republicá-las em forma de livro, com pequenas retificações, na esperança de que, um dia, não muito remoto, elas produzam frutos em proveito do nosso Povo, ao qual dedicamos reverentemente este despretensioso trabalho.

Alguns companheiros revolucionários, que não conheciam nosso passado de lutas democráticas, estranharam a firmeza e mesmo a veemência com que, em nossos artigos desta série, persistíamos na luta pela reinstalação da Democracia em nosso País.

Sabíamos porém que estávamos no caminho certo, dado que a reconstrução da Democracia Brasileira sempre fora o principal objetivo da Revolução de Março de 1964.

Prova disso eram os esparsos mas incisivos pronunciamentos de líderes revolucionários, como por exemplo:

- Presidente da República Ernesto Geisel (01/12/77;

"Não há dúvida, presentemente, quanto à aspiração de muitos, sobretudo nos setores mais esclarecidos da Nação, no sentido de aprimorada institucionalização dos ideais democráticos que há 13 anos, com o mais caloroso e indiscutível apoio de todas as camadas populares, inspiraram o movimento de 1964. Para tanto cogita-se de por um termo às leis de exceção - necessárias em algumas fases da nossa transição revolucionária, mas que, com o correr da evolução pacífica da vida nacional, já podem se tornar dispensáveis. . . "

- Presidente do Superior Tribunal Militar, General Reynaldo Mello de Almeida (19/03/19);

"Tudo tem sua oportunidade e o tempo decidirá. A experiência é a melhor lição. A Revolução de 1964 está encerrando um ciclo".

- Presidente da República João Batista Figueiredo, no seu discurso de posse (15/03/79);

"Reafirmo portanto, os compromissos da Revolução de 1964 de assegurar uma sociedade livre e democrática. Por todas as formas a seu. alcance, assim fizeram, nas circunstâncias de seu tempo, os Presidentes Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Médici e Ernesto Geisel.

"Reafirmo: É meu propósito inabalável - dentro daqueles princípios - fazer deste País uma Democracia"

Assim, apesar das críticas de uns, incompreensões de outros, apoio caloroso de uns poucos e indiferença dos demais, prosseguimos nesta cruzada democrática, lembrando sempre as palavras de José Ingenieros:

"Todo o porvir tem sido uma criação dos homens capazes de o pressentir, concretizando-o numa infinita sucessão de ideais".

Curitiba, Novembro de 1982.
Ivo Arzua Pereira

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