Peço a Palavra, Sr. Candidato!
De Cinco Desafios , Eis Aqui o Primeiro, Senhor Candidato!
Nas
minhas andanças profissionais e, no passado, também políticas, senti que quase
todo o brasileiro, acalenta um sonho irrealizável, bem no fundo do seu subconsciente:
sentar-se à frente do seu candidato à Presidência, por horas a fio, para com
ele dialogar abertamente, narrando-lhe, sem as peias da linguagem protocolar,
suas dúvidas, suas angústias e suas acalentadas esperanças. Conversa de brasileiro
para brasileiro ...bem, às claras!
Todos nós precisamos, vez outra, de um "muro de lamentações" que, para o homem
do povo, só pode ser o seu candidato, uma vez que, eleito este, logo se escuda
atrás de múltiplas barreiras burocráticas e protocolares. E isto é mais verdade
em relações ao candidato à Presidência, por que, além de tudo, em mulitos países,
incluindo o nosso, o Presidente tornou-se o símbolo terreno do " todo poderoso",
aquele que, num passe de mágica, pode solucionar todos os problemas que nos
afligem e mais "os sul do Universo e suas redondezas..."
É óbvio porém, que isto só poderá ocorrer no país dos nossos sonhos, pois todo
governante deve atender necessidades crescentes e quase ilimitadas, com recursos
rigorosamente limitados. Que fazer então?
Atender à reais prioridades, cuidadosamente selecionadas, mostrando-se sensível
e atento às angústias e aspirações de seu povo, para solucionar-las nos momentos
oportuno, segundo um Plano de Governo esmeradamente elaborado.
Animado por estas idéias é que, como homem do povo, que me honro de ser, corro
pressurosamente para o meu Bate-Papo Inviável, apresentando ao Candidato o "1º
desafio : preparar o Cidadão para uma grande nação".
O Homem foi exaltado sobre todas as criaturas da face da Terra, ao ser privilegiado
com as faculdades de amar, pensar e comunicar-se. Tais dádivas divinas, conferiram
ao Ser Humano, e somente a ele, os sublimes dons da amizade e da auto-realização,
tanto profissional, como social, econômica, política e moral.
Nas palavras do inolvidável Rui: "O Criador começa e criatura acaba a criação
de si mesma".
Disso decorre a principal missão dos governantes verdadeiramente democráticos:
a de propiciar a cada cidadão do seu país, as condições mais favoráveis, para
que ele possa completar com êxito, a obra divina iniciada pelo Criador.
Quando se envereda por outros caminhos políticos, como aquele que reduz as opções
de Ser Humano as duas-só fazer aquilo a que é obrigado e deixar de fazer aquilo
que lhe é proibido, se está implicitamente eliminado uma das mais preciosas
e poderosas fontes de geração de progresso e bem-estar , qual seja, inegavelmente,
a que provêm da plena liberação do gênio criativo e inventivo do Ser Humano.
Na medida, pois, em que o sistema educacional de uma nação revela-se inadequado
na correta preparação dos seus cidadãos-e Dewey dizia que Educação é uma obra
de Engenharia Social, não há sistema social, político ou econômico, que fique
a salvo de freqüentes e graves crises.
Apenas para exemplificar alguns sinais dessa inadequação, no caso brasileiro,
sem qualquer intenção de crítica destrutiva ou de cunho pessoal, citamos os
seguintes:
1)-crescente onda de corrupção, marginalismo e criminalidade;
2)-
a necessidade que sentem os jovens do nosso País, de adquirir em "cursinhos",
os conhecimentos que deveriam ter adquirido no Ensino de 2º Grau, para poderem
ingressar no Ensino Superior;
3)-a injustificável e suicida medida que tomamos
de limitar as vagas para ingresso no Curso Superior a uma quantidade ridiculamente
pequena, em relação ao número de candidatos inscritos, vale dizer em relação
à real demanda da Sociedade.
Não significa esta atitude, Sr. Candidato, o mesmo que dizermos à juventude
do nosso País "sentimos muito que vocês estejam mal preparados por nós mesmos,
mas nada podemos fazer ..."
Poderemos, Sr. Candidatos ,construir uma grande Nação-potência, com a maior
parte das novas gerações inteiramente frustrada, por ver cortadas pela raiz
sua maiores e melhores aspirações de sucesso profissional e social? Não seria
isto, Sr. Candidato, um ato de lesa-Pátria, do qual teremos de prestar contas,
mais cedo ou mais tarde, no implacável Tribunal da História?
Alega-se, sempre e sempre, falta de recursos- "não tem verba", mas de Hugh Dalton
tiramos a inspiração para a resposta a essa clássica desculpa: "Economia é uma
questão de seleção! Devemos então deixar de lado o acessório protelável, para
atender o principal e inadiável , que é a Educação".
No Estado da Califórnia, a sessenta por cento do orçamento, anualmente aplicado
em Educação, transformou-o no mais rico e poderoso Estado daquela Nação.
Isto sobejamente testemunha o que dizem hoje muitos economistas de renome: "Cada
real aplicado em educação é mais rentável do ponto de vista do desenvolvimento
global, do que qualquer real aplicado na infra-estrutura da Economia ".
Que tal, Sr. Candidato, não vale a pena tentar?
Curitiba , 09 agosto de 2002
Ivo Arzua Pereira - Cidadão Brasileiro |