Peço a Palavra, Sr. Candidato!
"Mudança do Comportamento Nacional", eis o Segundo Desafio Brasileiro!
No "bate-papo" anterior, relativo ao 1º
Desafio Brasileiro-"A Preparação do Cidadão de uma Grande Nação", abordamos
com o Candidato alguns alarmantes sinais de inadequação do nosso sistema educacional,
não só em termos de qualidade, mas também no que respeita à quantidade. Há longo
tempo habituamo-nos a reconhecer que "contra fatos não há argumentos"- no caso,
corrupção, crime organizado, narcotráfico, etc - ou seja, que os resultados
medem precisamente o desempenho de uma pessoa, de uma instituição e da Sociedade
e dos Governos . Pois, Sr. Candidato, os fatos, às mancheias, estão ai a todo
o momento nos noticiários da Imprensa .
Fica assim claro que, sem mudança de comportamento individual e social, não
haverá desenvolvimento: os povos que buscam o desenvolvimento, e a maioria o
quer a todo custo, devem familiarizar-se com o "alto preço a ser pago por ele",
sem o que seus esforços serão dispersivos, baldados e frustrantes.
O economista Louis Walinski conseguiu apresentar, magistralmente, uma visão
sintética do que significa " o preço do desenvolvimento", ao afirmar que: "Pelo
menos em alguns países em desenvolvimento, começou a surgir uma verdadeira consciência
de que o desenvolvimento econômico é parte e parcela de um processo amplo de
transformação social que, necessariamente, deve ser longo, lento e penoso; que
o crescimento só pode resultar de poupança, investimento e produção; que poupança
exige abstinência; que os recursos escassos devem ser distribuídos com inteligência
e usados com eficiência e honestidade; que os valores, costumes e modo de pensar
e agir tradicionais , são incompatíveis com os objetivos do desenvolvimento
e devem adaptar-se a eles; que o auxílio externo pode ajudar, mas realizará
apenas uma pequena porção da tarefa, e que tudo isso é parte do preço do desenvolvimento,
que aqueles povos que o reclamam devem estar dispostos a pagar".
Walter Whitman Rostow, em sua "Teoria do Desenvolvimento", ao definir precisamente
as Fases do Desenvolvimento, confirma esse ponto de vista de Walinski e assim
as classifica: 1-Sociedade Tradicional; 2-Pré-condições para a Demarragem; 3-Demarragem;
4-Marcha para a Maturidade; 5- Maturidade; 6- Super-Consumo.
Também Robert Heilbroner, autor de "As Perspectivas do Homem", prega "uma radical
mudança de comportamento humano e social ", como "única" solução para evitar
a extinção da Humanidade pela poluição ambiental, e nós acrescentaríamos também
pela "poluição mental", que invadiu a "mídia" em todo o Mundo.
Portanto, se Walinski acha que "o modo de pensar e agir tradicionais são incompatíveis
com os objetivos do desenvolvimento e devem adaptar- se a eles"; se Rostow acha
que a entrada de uma nação na "Fase das Pré-condições para a Demarragem" implica
"radical mudança do tradicional comportamento de um povo" e se Heilbroner também
a eles se alia , porém agora em um sentido mais amplo ou seja "desenvolver para
salvar a Humanidade do extermínio", parece que não nos resta outro caminho,
seja para desenvolver o Brasil, seja para preservar-lhe os "recursos naturais
renováveis" e a "qualidade" de vida, que o de operar uma profunda mudança da
mentalidade e do comportamento nacionais, centrada no respeito à ética e à moral,
para o que é de vital importância a maciça contribuição dos órgãos de comunicação-rádio,
jornal e televisão, e das instituições educacionais, culturais, empresarias
e governamentais.
O ovo ou galinha?- Quem surgiu primeiro? Dilema semelhante : as estruturas sociais
e políticas condicionam o comportamento humano e social, ou este é que condiciona
aquelas ? Que acha Sr. Candidato?
Na verdade existe uma interação permanente e contínua, com cidadãos inadequadamente
preparados e estruturas tradicionais e arcaicas, produzindo uma causação circular
atrofiante.
Como então, Sr. Candidato, romper esse círculo vicioso, para transformá-lo em
uma causação em espiral desenvolvimentísta ascendente?
Parece que a única resposta seria uma "mobilização ou pacto nacional para o
desenvolvimento", cabendo então às elites sociais, econômicas, políticas e culturais,
conjugarem-se decididamente na promoção dessa "reversão das expectativas", através
de uma "estratégia de salvação nacional que erradique as causas dos nossos problemas
humanos, sociais, econômicos, políticos e, culturais", sem o que ficaremos,
interminavelmente, a combater seus maléficos efeitos-corrupção, crime organizado,
narcotráfico etc.- que só tendem a agravar- se com o aumento da população.
Assim sendo, a "mudança de comportamento nacional", que estamos propondo, constituir-se-ia
em uma solução ideal e definitiva para a crise brasileira, que é mais de natureza
ética e moral, que de qualquer outra gênese .
É bom enfatizar, Sr. Candidato: "o que importa não é o que se diz, mas o que
realmente se faz ".
O Brasil precisa, como nunca, Sr. Candidato, de "mais ação e menos conversa"
Ivo Arzua Pereira-Cidadão Brasileiro |