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Peço a Palavra, Sr.Candidato! - Parte IV - 3/9/2002

Peço a Palavra, Sr.Candidato!
"Do Alicerce Para o Telhado", eis o Quarto Desafio Brasileiro!

Nos bate-papos antecedentes, Sr. Candidato, abordamos três dos cinco principais Desafios Brasileiros, a saber: Preparação do Cidadão de uma Grande Nação", "Mudança do Comportamento Nacional " e " Uma Estratégia de Salvação Nacional".

Para o bate-papo de hoje, Sr.Candidato, lembramo- nos de três eventos pretéritos, que marcaram indelevelmente nossa trajetória profissional e pública .

O primeiro deles ocorreu nos idos dos anos 50 quando, no inicio da carreira de Engenheiro Civil, exercendo as funções de Engenheiro Chefe da Subdivisão de Assistência Rodoviária aos Municípios, do Departamento de Estradas de Rodagem, órgão responsável pelo cálculo e distribuição das cotas do Fundo Rodoviário Nacional dos Municípios que, desatinadamente, foi extinto anos mais tarde, mantínhamos intenso relacionamento com todos Prefeitos Paranaenses, como os quais visitávamos o interior dos respectivos Municípios, para atendê-los em suas necessidades viárias mais prementes, tais como Estradas e Pontes, tanto em projetos como em construções , desse modo conhecendo e sentindo , em toda sua dramática realidade e profundidade, as angústias e aspirações do nosso Povo, "porque é no Município, Sr. Candidato, onde mora o Brasil " .

O segundo deles, Sr. Candidato, foi o "I Encontro Municipalista do Paraná" que, em 29 de agosto de 1964, sob o patrocínio da Prefeitura Municipal de Curitiba, realizamos nesta Capital, motivo pelo qual, em 22/02/1965, recebemos da Associação Brasileira dos Municípios o honroso título de Vulto Emérito do Municipalismo Brasileiro.

Naquele ensejo, saudando todos os Prefeitos e Vereadores do nosso Estado, lembramos "Carneiro Maia", considerado "O Pai do Municipalismo Brasileiro" e repetimos sua sábia advertência : "Ou havemos de continuar a ser um povo fantástico a jactarmo-nos de regalias fictícias, ou se há de preparar, antes de tudo, um autogoverno, começando pela autonomia dos municípios".

E concluímos nossa saudação aos municipalistas paranaenses, proclamando que deveria ser feita "uma Reforma Municipalista da Constituição," pela qual fosse assegurada a autonomia municipal".

Nesse setindo vale a pena recordar, Sr. Candidato, o seguinte trecho do nosso bate-papo anterior- "Uma Estratégia de Salvação Nacional " , a saber :

"Desafortunadamente, Sr. Candidato, a centralização do Poder Político-no nosso caso em Brasília, parte do absurdo pressuposto da incompetência, quase generalizada, dos demais integrantes da Nação- Estados e Municípios, que, segundo Servan-Shreiber, em sua obra "O Desafio Americano", acarreta dupla perversão, "matando a iniciativa pessoal e social por dentro e por fora", pois que um poder central tão paquidermicamente carregado de detalhes, tão oprimido pela necessidade de tele-orientar milhões de pequenas operações casuísticas, só pode resultar em tremenda confusão e geral decadência, que ocorrem nos Sistemas Inviáveis, tal como acontece nas Repúblicas Unitárias ou aparentemente Federativas", como é o caso do Brasil .

E o terceiro evento, Sr. Candidato, foi aquele relativo à nossa participação na "Conferência Latino- Americana Sobre População e Desenvolvimento", ocorrida em Brasília , nos dias 15 a 18/09/01, como Presidente do workshop "Gestão Inovadora e o Seu Impacto no Desenvolvimento Sustentável dos Municípios ", oportunidade em que, através do debate com Prefeitos da América Latina, mais se robusteceram nossas convicções sobre a transcendental necessidade de um modelo político municipalista .

Como ex-Ministro de Estado da Agricultura-função em que percorremos cerca de 80 mil Km no interior do Brasil , ou seja , duas vezes a circunferência da Terra; como ex-Vice-Presidente da Confederação das Misericórdias (Santas Casas) do Brasil e, desde 1998, Presidente da Confederação Internacional das Misericórdias, pudemos testemunhar, em toda a sua pungente realidade, o sofrimento que significa para o brasileiro que mora no interior dos Municípios, esperar sempre e sempre, interminavelmente, providências que deveriam ser imediatas, para o atendimento de sua saúde e a da sua família e para o bom êxito de suas atividades agrícolas porque, Sr. Candidato, a ocorrência das doenças e as épocas de plantio e colheita, não podem ficar aguardando indefinidamente as soluções hermeticamente engavetadas nos meandros da burocracia federal, totalmente centralizada em Brasília

Portanto, Sr. Candidato, pelo menos nas áreas de Saúde e Agricultura, há que aproximar o Poder Decisório das respectivas fontes dos mais agudos problemas dos nossos Irmãos Brasileiros- que vivem desesperançados e perdidos na imensidão do território nacional, a fim de solucioná-los, ao tempo e à hora, assim restituindo-lhes a confiança nos seus Governos e as justas esperanças de " criarmos pessoas melhores, vivendo vidas melhores em um Mundo melhor".

É oportuno lembrar, Sr. Candidato, que o Brasil já ultrapassou seus festejados 500 Anos de existência e já ingressou no Século XXI e no III Milênio, sobejas razões para criar um juízo pentasecular !

Vale a pena insistir , Sr. Candidato: "o que importa não é o que se diz, mas o que realmente se faz ".

O Brasil precisa, como nunca, Sr. Candidato, de "mais ação e menos conversa".

Há que, urgentemente, enquanto ainda há tempo, Sr.Candidato, "Construir de Baixo Para Cima", ou seja " Do Alicerce Para o Telhado" ou, ainda, em termos socais e políticos, do "Município para o Brasil-Federação", pois é ali, no Município, onde o Brasil mora, sofre, trabalha e produz para todo o esperançoso Povo Brasileiro .

Ivo Arzua Pereira - Cidadão Brasileiro

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