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Mãe, Plantadora das Sementes do Amor - 6/5/2003

  Mãe , Plantadora das Sementes do Amor

I - A Mulher, No Mundo

Na revista “A Saúde do Mundo”, da Organização Mundial de Saúde - OMS, o Dr. Halfdan Mahler, Diretor Geral desta Organização, em editorial expende importantes considerações que convém enfatizar : “As atitudes preconceituosas são obstáculos enormes ao progresso. Além da relutância masculina em incluir a mulher no centro do desenvolvimento e o seu fracasso em compartilhar as responsabilidades familiares e outras. As próprias mulheres não têm muitas vezes consciência dos seus próprios direitos, possibilidades ou necessidades.

A mulher pode, talvez, aprender com o homem no que respeita à definição de necessidades, organização e planejamento familiares, e obtenção de recursos, especialmente no contexto de instituições públicas e convencionais. O homem, por outro lado, pode talvez aprender com a mulher sobre o aspecto prático de transformar a teoria em ação.

O futuro da Humanidade depende de todos nós, homens e mulheres, e, com o decorrer do tempo, será o fortalecimento da aliança entre os homens e as mulheres, que nos conduzirá para o objetivo da Saúde para todos e do verdadeiro desenvolvimento” isto é , com Justiça Social e Paz .

Também a Doutora Lesley Doyal em artigo sob o título “O trabalho é benéfico para si”, ressalta :

“Nunca houve tantas mulheres a trabalhar fora de casa como atualmente Na maioria dos países desenvolvidos representam entre 30 a 40 por cento dos trabalhadores, e o seu número aumenta rapidamente em todo o mundo”.

Seria talvez ocioso e cansativo citarmos outras abalizadas opiniões de autoridades internacionais dedicadas ao assunto e que vêm publicando artigos sobre o papel fundamental das mulheres na construção de um mundo cada vez melhor, todavia achamos indispensável citar um trecho da obra de Peter F. Drucker, o “papa” da Administração no Mundo, em seu “best-seller” “Entrepreneurship”, qual seja:

“A Expansão do Citibank de Nova York está baseada, em grande parte, na sua percepção prévia da entrada de mulheres jovens, com instrução superior e bastante ambiciosas, no mercado de trabalho.

A maioria dos grandes empregadores americanos considerava essas mulheres como um “problema”, mesmo no fim do Século XX e muitos ainda pensam assim.

O Citibank, quase o único dentre os grandes empregadores, viu nelas uma oportunidade excepcional .

Ele agressivamente recrutou-as nos anos 70, treinou-as e enviou-as por todo o País, como encarregadas de empréstimos e outras importante funções .

A essas mulheres, jovens e ambiciosas, muito deve o Citibank a sua transformação no maior banco da nação e, e na realidade, seu primeiro Banco Nacional ”.

Este é, portanto, um dos testemunhos mais inquestionáveis sobre a importância da participação da mulher no desenvolvimento econômico e social do Mundo.

II- A Mulher, em Rotary

Tendo o Rotary Internacional, pelo seu Board e em razão dos dispositivos estatutários que o regem, decidido pela exclusão do Rotary Club de Duarte- Califórnia/USA, em razão da sua transgressão às normas rotárias pela admissão de profissionais do sexo feminino, travou-se uma batalha judiciária, cujo desfecho foi noticiado ao mundo rotário, através da carta do Presidente M.A.T. Caparas, datada de 11/06/87, a todos os Presidentes de Rotary Clubs. É dessa carta que extrai os seguintes trechos: “ O caso Duarte, impetrado pelo Rotary Club de Duarte- Califórnia –USA, contra o Rotary Internacional, foi finalmente concluído . O Supremo Tribunal do Estado da Califórnia havia apoiado a decisão de um Tribunal local contra nossas normas de afiliação, que excluíam mulheres, por considerar que as mesmas violavam uma lei da Califórnia.

No dia 04 de maio de 1987, o Supremo Tribunal Federal dos EUA confirmou a ordem de que deveríamos reintegrar o Rotary Club de Duarte e reconhecê-lo como um membro do Rotary Internacional, embora contasse com mulheres em seu quadro social. Não há Tribunal Superior junto ao qual impetrar novo recurso e, assim sendo, cumprimos com a ordem recebida.

O Rotary age de acordo com a lei, e os rotarianos são cidadãos que acatam as leis de seus respectivos países.

De fato, os Estatutos do Rotary Internacional prescrevem que unicamente aqueles dispositivos que não violam as legislações locais devem ser obrigatoriamente obedecidos pelos clubes membros da organização (Art. IV, seção 4). Portanto, em vista da decisão sobre o caso Duarte, o dispositivo que limita a afiliação a pessoas do sexo masculino perde sua vigência no Estado da Califórnia. Por extensão, tal dispositivo deixa de vigorar também em qualquer Estado dos Estados Unidos com uma lei semelhante ”.

Por analogia e princípio de equidade, recomendou o Board do Rotary International que os Rotary Clubs, em todos os Países onde a legislação não discriminasse o sexo feminino, adotassem igual procedimento ao adotado pelos Rotary Clubs dos Estados Unidos, razão porque a quase totalidade dos Rotary Clubs do Brasil, mediante Assembléias Gerais, excluiu do Artigo V, Seção 3, a expressão restritiva “do sexo masculino”, assim abrindo as portas rotárias para admissão de profissionais do sexo feminino, tal qual havia feito, sábia e pioneiramente, o Rotary Club de Duarte, Califórnia/ USA .

A ampla aceitação e assimilação de profissionais do sexo feminino nos Rotary Clubs do Brasil e de outros países, permitiu-lhes maior dinamismo e representatividade, a tal ponto que, hoje, contam-se aos milhares os Rotary Clubs presididos por profissionais do sexo feminino e às centenas os Distritos Rotários também governados por profissionais do sexo feminino.

III - A Mulher, na Família

Os grandes sociólogos, em geral, reconhecem que a Nação é uma comunidade nacional, constituída de comunidades urbanas e rurais que, sob o prisma político-jurídico constituem a Sociedade Civil; as comunidades urbanas ou rurais, à sua vez, são comunidades de famílias, daí porque se define a “família” como a “célula mater” da Sociedade Civil e, portanto, também de qualquer Nação .

As figuras centrais da família são a mãe e o pai, cada um exercendo um papel de transcendental significação para o seu bom e regular funcionamento, sendo o principal dever de ambos a formação sentimental, intelectual, social, profissional, cívica e espiritual dos filhos, enfim, a formação da personalidade de um verdadeiro Cidadão, isto é, de um efetivo participante da Sociedade Civil, na dupla condição de ser não somente um gerador de problemas familiares e sociais, porém, muito mais do que isso , ou seja, ser o principal artífice da solução desses mesmos problemas, e não como a grande maioria pensa: ser apenas um privilegiado detentor de direitos, direitos, direitos ...

Em meu entender e muito a contragosto dos denominados “machistas”, o principal papel educativo na família é o da “mãe”, em razão da sua mais intima e sublime ligação sentimental com o filho, a qual cresce e se fortalece durante toda a gestação e, depois, só aumenta pelos anos afora, durante toda a vida, em qualquer fase de sua existência, seja na meninice, na juventude e até na idade madura, pois com ele compartilha não somente suas dores e seus sofrimentos mas, igualmente, suas alegrias pela conquista dos sucessos pessoal, profissional e social .

Já dizia o imortal educador e pedagogo Pestalozzi que “a Humanidade somente poderá ser educada cara-a-cara e coração-a-coração” e, eu, plagiando-o, gostaria de afirmar que a melhor educação dos filhos será aquela realizada pelas mães e pelos pais, empregando o método “cara-a-cara e coração-a-coração”.

Porém não me resta a menor dúvida de que a primeira e principal educação é a das Mães, a quem o Criador concedeu o privilégio biológico de modelar o filho em seu próprio ventre; de propiciar-lhe o leite materno, para a primeira nutrição; de cercá-lo de desvelo para ajudá-lo e acompanhá-lo nos primeiros passos e do doce carinho materno para formar o seu coração e modelar e fortalecer o seu caráter.

Na alma da criança, do jovem e depois da mulher e do homem, há de perdurar para sempre a doce influência dessa obra do mais santo amor, com cuja recordação o ser-humano edifica sua vida interior e a sua personalidade, para tornar-se um verdadeiro e exemplar Cidadão .

Para sintetizar essa sublime obra da maioria das mães, a escritora e poetisa Margaret J. Graffin escreveu o magistral poema que passarei a ler:

Meu Filho, Meu Filho

“ Tua alma filho meu é parte da minha alma !
Completas minha vida, enches meu coração .
E ninguém , como tu, me dá ventura e calma
E , como tu, ninguém me dá mágoa e aflição .
Duramente serás pelo mundo julgado,
Se um ato vil manchar da tua vida o brilho,
“Tal mãe , filho tal” , diz um velho ditado
A honra de tua mãe , é tua honra , meu filho .
Segue, pois , pela vida a linha mais perfeita ,
Que assim tu me honrarás e todos me honrarão
Do que de bom semeei , faze filho, a colheita
Essa será gloria maior para meu coração”

IV- A Mãe e o Rotary

Esta palestra é dedicada a todas às mães mas, especialmente, às mães de rotarianos , às mães rotarianas e às esposas de rotarianos que, além dos seus elevados predicados familiares, sociais e religiosos, ainda adotam como lema de vida “dar de si antes de pensar em si”, isto é, sobrepõem ao egoísmo natural dos seres- humanos, o amor ao próximo e portanto também, é claro, aos mais próximos, à própria família: cônjuges, filhos e netos .

Se me permitirem eu gostaria de representar todas as mães pela minha querida esposa Maria Helena, à qual devo não somente 54 anos de feliz matrimônio- completados no dia 30/04,mas também a maravilhosa família, composta de 4 filhos- entre os quais o querido Companheiro Sérgio Luiz deste Rotary Club, noras, genros, 11 netos e 2 bisnetos , com que Deus premiou e abençoou nossa vida .

Neste particular gostaria de repartir com vocês, caros Companheiros e Companheiras, as alegrias e emoções que nos dominaram, Maria Helena e eu, no vôo de São Paulo para o Rio, dia 29/04, em viagem para participar da solenidade de posse da Nova Diretoria da Academia Nacional de Engenharia - ANE (2003-06), quando a Comissária de Bordo anunciou nossa presença e o meu aniversário de nascimento -29/04, e os 54 anos de nosso casamento-30/04, o que provocou uma calorosa salva de palmas de todos os passageiros , que muito nos comoveu .

A vida real e a História estão repletas de magníficos exemplos, que exuberantemente justificam nossas reverentes homenagens às mães mas que, por questões de brevidade nesta palestra, peço vênia para citar apenas dois .

O primeiro exemplo refere-se à história da vida de Santo Agostinho, relatada no livro de René Fulöp-Miller, intitulado “Os Santos Que Abalaram O Mundo”, já com mais de 14 edições, na qual o autor magistralmente narra a decisiva e doce influência de Mônica- mais tarde Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho (354 d.C)- para a conversão do seu filho .

Aurélio Agostinho (Santo Agostinho, 354 a 430) , famoso Bispo de Hipona, na África (396- 430), no decorrer da sua fecunda vida deixou importante produção literária, filosófica e teológica, entre as quais, talvez sua obra prima tivesse sido “ De Trindade” , com quinze volumes, onde procurou sistematizar a doutrina Cristã, sendo por isso considerado um dos fundadores da Teologia e um dos “doutores da Igreja”.

Para ter se uma idéia da transcendentalidade da sublime influência materna na conversão de Aurélio Agostinho permitam-me transcrever dois trechos do livro de René Fulöp-Miller , a seguir: “ Quando Mônica, sua devotada mãe o intimava a desistir de sua conduta licenciosa, considerava suas palavras como “ tagarelice de mulher”.

O próprio Santo Agostinho escreveu : “ Seguir-lhe os conselhos seria para mim uma vergonha, pois eu tinha vergonha de não ser um sem-vergonha. Meus depravados companheiros poderiam rir-se de mim”. Igualá-los, ou mesmo ultrapassá-los na depravação era, naquele tempo sua maior ambição . Assim agia o homem que estava destinado a tornar-se o mais austero censor de si mesmo e dos outros, que iria seguir o rastro do mal até sua verdadeira fonte no pecado original e da corrupção da humana grei.

“ À Mônica, mãe do seu renascimento espiritual, dedicou Agostinho imortal monumento numa passagem de suas confissões, onde fala de sua derradeira e estaticamente mística conversa com Mônica, a qual realizou numa tarde do começo de verão, poucos dias antes da sua morte .

Nesta conversação em que mãe e filho erguiam-se acima das coisas do Mundo e uniam-se numa mística visão das verdades eternas , vemos Agostinho e Mônica, pela primeira vez, como Santo Agostinho e Santa Mônica, a quem a Igreja venera”.

O segundo exemplo extraído do relicário sentimental da minha própria vida, está registrado no livro “Um Sopro de Eternidade”, de autoria do meu inesquecível irmão Arnaldo Arzua Pereira - do qual tive a honra de ser co-autor , à página 70, e que narra o trágico momento em que o médico da família comunicou aos pais do autor que este havia contraído a mais temível doença da época : a tuberculose.

O impacto emocional na família foi indescritível e o trecho seguinte narra as suas primeiras conseqüências :

“ Por severa prescrição médica, nenhum irmão poderia entrar no quarto . Toda a roupa de cama e banho, de meu uso, fora isolada das demais e era lavada separadamente, o mesmo acontecendo com toda a louça e talheres usados nas refeições; as janelas do meu quarto deveriam ficar permanentemente abertas, apenas protegidas por telas de malha fina . Eu deveria abster-me de qualquer esforço físico e, nos primeiros meses, guardar o leito .Mamãe colocou uma cadeira preguiçosa ao lado da minha cama e, qual anjo-da-guarda, zelou por mim, dia e noite. No rigor do inverno, com o ar gelado entrando pelos vazios das telas colocadas nas janelas, ela ali permanecia , enrolada em cobertores , atenta à minha mais leve manifestação de dor, tosse ou qualquer outro desconforto que eu revelasse. Eu, olhando para ela, muitas vezes tentando esconder minhas lágrimas, pensava : minha Mãe é uma Santa! Não é por acaso que seu nome é Maria . Será que , no Mundo, existe outra igual?

Muitos anos mais tarde confessou-me meu irmão Arnaldo que, pelos anos afora, emocionava-se profundamente sempre que relembrava o ilimitado desvelo da nossa inesquecível Mãe, o que o fazia recordar a trova de autoria do Dr. Barreto Coutinho, fundador da União Brasileira dos Trovadores- Sessão de Curitiba:

“ Eu vi minha Mãe rezando

Aos pés da Virgem Maria

Era uma Santa escutando

O que a outra Santa dizia ”

Eis que, todas as argumentações aqui expendidas levam-me a assim definir a Mãe:

“Plantadora das sementes do amor na Família, na Sociedade e em todo o Mundo”

Curitiba, Capital Americana da Cultura – 06/05/2003

Comp. Ivo Arzua Pereira
R.C. de Curitiba Oeste – D. 4730 – R.I.

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