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Curitiba 2003, A Capital Americana da Cultura - 31/12/2002

Hoje eu tive um sonho!

Sonhei ser um simples turista que, atraído pelas notícias internacionais de que Curitiba havia sido eleita por um Júri Internacional para ser a Capital Americana da Cultura 2003, no dia 01 de janeiro desembarquei no Aeroporto Afonso Pena, ávido em conhecer de perto os excepcionais atributos sócio-político-econômicos e culturais que teriam justificado tão honroso título outorgado à Curitiba.

Já no Aeroporto, aguardava-me um agente turístico, pronto para fazer desfilar ante meus curiosos olhos, tudo o que especificara o seu pacote de viagem.

Durante alguns dias, inesquecíveis, visitei os encantadores parques da Cidade, as sedes das suas instituições educacionais e culturais e pude admirar demoradamente suas majestosas obras arquitetônicas como por exemplo: do passado, o Hospital de Caridade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, de estilo manuelino, inaugurado em 1880, pelo Imperador Dom Pedro II; a Catedral Basílica Menor de N.S.da Luz dos Pinhais de Curitiba, de estilo neogótico, inaugurada 1893 e o Edifício Central da Universidade Federal do Paraná, de estilo neoclássico e, do presente: em estilo moderno, as Obras do Centenário do Paraná (Palácio Iguaçu, Assembléia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal do Júri no Centro Cívico e Biblioteca Pública e Teatro Guaíra) e, também, a imponente Torre da Telepar de cuja plataforma superior, vi descortinarem-se ante meus olhos extasiados, as imagens luminosas e multicoloridas de uma deslumbrante “Cidade Sorriso”.

Igualmente não faltaram visitas às associações de natureza étnica, tais como as dos portugueses, espanhóis italianos, alemães, poloneses, ucranianos, judeus, árabes, cuja grau de assimilação à Cultura Brasileira, muito contribuiu para seu desenvolvimento, conferindo-lhe uma característica pluralista e universalista.

Mas, como eu havia planejado antecipadamente com a agência de turismo, destinei dois dias inteiros para, solitariamente, perambular pelas ruas e logradouros públicos da Cidade, a fim de conhecer mais de perto o seu traçado urbanístico e dialogar com a sua hospitaleira gente.

À medida que caminhava pelas ruas e praças da Cidade, detendo-me para ler cada nome de rua e cada nome gravado nos monumentos e bustos situados em suas belas praças, quedava-me absorto tentando lembrar a vida e obra de cada um daqueles conspícuos personagens, entre os quais figuram nossos inesquecíveis antepassados: quem eram, como eram, que pensavam e como agiam?

Pois não foram eles que, com seu árduo e fecunda trabalho, seu acendrado amor ao seu torrão natal ou de adoção e seus ardentes ideais, generosamente nos legaram a Curitiba de hoje, o Paraná de hoje e o Brasil de hoje?

Uma das ruas com o nome Mateus Leme fez-me lembrar que, em 24 de março de 1693, o Capitão Povoador Matheus Martins Leme, devidamente autorizado pelo Capitão-Mor e Ouvidor de Paranaguá, Gabriel de Lara, atendendo à ardente aspiração dos habitantes da Vila N.S. da Luz dos Pinhais, dos Campos de Curitiba, na petição que lhe foi apresentada pelos moradores da Vila, exarou o seguinte e histórico despacho:

“ Junte – se o Povo. Deferirei o que pedem”.

Finalmente, em 29 de março de 1693, reunindo o Povo na Igreja N.S. da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, foram eleitos para o governo da Vila as primeiras autoridades municipais.

Então, inopinadamente, explodiu uma idéia em minha mente: por que não eleger a Cidade de Paranaguá, onde tudo começou, como a “Cidade Madrinha de Curitiba”?

Em outra rua deparei com o nome de Dom Pedro II, o qual pela Lei n.º 704, de 29 de agosto de 1853, emancipou politicamente a antiga Comarca de Curitiba,  da Província de São Paulo, tornando-a “Província do Paraná ”, tendo Curitiba como Capital, pois da referida Lei ( Artigo 2º) constava o seguinte:

“ A nova Província terá por Capital a Cidade de Curitiba, enquanto a Assembléia respectiva não decretar o contrário ”.

Então, subitamente tive uma clara percepção da realidade: aquela cativante Cidade, merecidamente conhecida pelo cognome de “Cidade Sorriso”, constiuia-se em um verdadeiro “panteão vivo”, a retratar, momento a  momento, sua cintilante trajetória sócio-política-econômica e cultural.

Apenas um aspecto da Cidade entristeceu-me sobremaneira, por ser absolutamente incompatível com os foros de civilidade e cultura de uma autêntica Capital Americana da Cultura: Curitiba estava, rigorosamente, de “cara suja”, pois que as paredes dos edifícios, públicos e particulares, residenciais e muros, achavam-se vergonhosamente “pichados”.

E pensei, instantaneamente: é preciso, urgentemente, desencadear uma campanha envolvendo todos as organizações governamentais e não-governamentais, sob o lema “Curitiba de Cara Limpa”, como merece ser uma verdadeira “Cidade Sorriso”, “Capital Americana da Cultura ”.

Nesse ponto, subitamente acordei e fiquei sumamente feliz, ao convencer-me de que, apesar de não ser um aleatório turista, Curitiba havia, de fato, conquistado o magnífico e histórico galardão de Capital Americana da Cultura 2003.

Hosana nas alturas!

Graças a N.S. da Luz dos Pinhais de Curitiba!

Curitiba, 31 de dezembro de 2002

Ivo Arzua Pereira
Cidadão Honorário de Curitiba
Cidadão Brasileiro

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